sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Acaça

ÀKÀSÀ, ACAÇÁ OU EKÓ: SEU SIGNIFICADO:

As definições mais elementares do acaçá, dizem que se trata de uma pasta de milho branco ralado ou moído, envolvida ainda quente, em folha de bananeiras. A definição é correta, mas extremamente superficial, já que o acaçá é de longe a comida mais importante do candomblé. Seu preparo e forma de utilização nos rituais de oferendas envolvem preceitos e bem rígid
os, que nunca podem deixar de ser observados. Todos os Orixás, de Exú à Oxalá, recebem acaçá. Todas as cerimonias, do ebó mais simples aos sacrifícios de animais, levam acaçá. Em rituais de iniciação, de passagem, em tudo mais que ocorra em uma casa de candomblé, só acontece com apresença de acaçá. A pasta branca à base de milho branco, chama-se eco (èko), depois de envolvida na folha de bananeira, aí sim, será acaçá. O acaçá, é um corpo, símbolo de um ser. A única oferenda que restitui e redistribui o axé. O acaçá remete ao maior significado que a vida pode ter: a própria vida; e por ser o grande elemento apaziguador, que arranca a morte, a doença, a pobreza e outras mazelas do seio da vida, tornou-e a comida e predileção de todos os Orixás. Nem todas as palavras do mundo são suficientes para decifrar o valor de um acaçá. Basta admitir que os segredos estão nas coisas mais simples para ver que muitos julgaram insignificantes, a comida mais importante do candomblé, banalizando o sagrado e privilegiando a intuição em deterimento do fundamento. Fato é que quem não faz um bom acaçá, não pode ser considerado um bom conhecedor de candomblé; pois, as regras e diretrizes da religião dos Orixás nunca foram ditadas pela intuição. Constituem grandes fundamentos "cristalizados" ao longo de anos e anos de tradição. Aos incautos vale afirmar que candomblé não é intuição, mas, fundamento sim, e fundamento se aprende. Fundamento é o segredo compartilhado, o mistério sagrado, o detalhe que faz a diferença e a prova de que ninguém pode enganar o Orixá. Aqui o grande fundamento é que o sangue dos animais jamais pode jorrar sobre os ibás sem a presença do elemento pacificador, pois, o acaçá simboliza a paz. Quando ofertado e retirado do seu invólucro verde, tornando-se a comida de Oxalá que agrada a todos os orixás, a primeira oferenda que deve ser colocada diretamente no assentamento, juntamente com o obi e a água, antes de qualquer sacrifício. O acaçá deve permanecer fechado, imaculado até o momento de ser entregue ao Orixá, só então é retirado da folha. É como se o sagrado tivesse que ficar oculto até a hora da oferenda, prova de que o segredo é quase sempre um elemento consagrado. E o segredo do acaçá é enrolar o ekó na folha de bananeira, é o que mantém um terreiro de candomblé, de pé.

"NÃO EXISTE ACAÇÁ QUE NÃO SEJA ENROLADO NA FOLHA DE BANANEIRA!"

Itan de Oxossi

Oxossi mata Oxumarê

Oxossi estava viciado em caçar, Oxossi caçava todo dia e toda noite, oxossi e a aldeia estava em crise de fome, certo dia yemanjá sua mãe pediu para oxossi não caçar na noite seguinte pois na mata estava um orixá encantado, oxossi muito teimoso desobedeceu yemanja e foi caçar na noite seguinte, entrando na mata avistou uma serpente enorme oxossi não pensou duas vezes, ele atirou sua flacha e matou a serpente, contente por ter encontrado uma caça tão prospera levou para sua casa, chegando la oxum sua esposa quando avistou a serpente que oxossi estava trasendo em suas costas, gritou, oxum se desesperou e falou para oxossi que aquela serpente era orixa oxumarê bense dan angorô sagrada, logo a serpente se enroscou em oxossi e engoliu o rei caçador, Oxum desesperada procurou oxala lufã para ressucitar oxossi, oxala atendeu oxum e reviveu oxossi como orixá, o caçador que matou oxumarê, e oxum deu a cidade de ketu para oxossi.

A IMPORTÂNCIA DAS PINTURAS

A IMPORTÂNCIA DAS PINTURAS

Três elementos são utilizados nas casas de Candomblé, para diversas finalidades e são essenciais pela ação de proteção que exercem: Osun, Efun e Waji.

Osun e Waji são elementos vegetais e Efun é mineral. Todos são transformados em pó para preparar pintura, principalmente, a pintura do ori de iyawos, ou seja, das pessoas que se iniciam no Candomblé.

Osun, Efun e Waji se
rvem aí para proteção da cabeça do iyawo, contra os efeitos negativos das ajé da sociedade das iyami. Isso porque, os pássaros enviados pelas ajé costumam pousar com as asas abertas sobre as cabeças das pessoas. Quando isso acontece, todo o mal fica nessas pessoas. Daí o procedimento de se pintar o iyawo.

Outra forma de se proteger das yamin é passar a mão constantemente pela cabeça, no intuito de impedir o pouso dos pássaros maus e que são denominados de eleye.

Portanto, vale ressaltar a importância da pintura de iyawo com esses elementos Osun, Efun e Waji, pois os mesmos neutralizam a cólera das yamins.

Abian

ABIYAN
Dentro dos cultos afros-brasileiros existe uma categoria de pessoas que são classificadas de Abiyans.

A palavra Abiyan quer dizer: Abi= "aquele que" e An= seria uma contração de "Onã", que quer dizer "caminho". As duas palavras aglutinadas formaram o termo Abiyan, que quer dizer "aquele que começa", "um novo caminho". E é isto, o Abiyan é uma pessoa que está começando um novo caminho, uma
nova vida espiritual.

O Abiyan também pode ter fios de contas lavados, obrigação de bori e, até em alguns casos, ter orixá assentado.

O Abiyan é um pré-iniciado e não um simples frequentador, como muitas das vezes é classificado.

Um Abiyan pode desempenhar várias atividades dentro de um terreiro, como por exemplo, varrer, ajudar na limpeza, ajudar nos cafés da manhã e almoços comunitários realizados em dias de festas de orixá, lavar louças, ajudar na decoração do barracão, enfim, o Abiyan pode desempenhar várias tarefas sem maior envolvimento religioso.

O período de Abiyan é de muita importância pois, é nesse período que o recém-chegado no Candomblé passa a observar o comportamento e a conviver com os já iniciados.

Existem pessoas que passaram por um longo período sendo Abiyan, antes de se iniciarem no Candomblé. Portanto, vale ressaltar a importância deste período, ou seja, Abiyan e dizer que o frequentador em yorubá, chama-se Lemó-mú.

Porque enfeitamos a arvore de Iroko?




Hoje, vamos falar um pouco sobre a importante Árvore de Ìróko, na qual habita o Òrìsà do mesmo nome. É também, uma pequena homenagem a célebre Egbon Cidália de Iroko, que faleceu esse ano, e que teve um papel de importância singular para o Candomblé do Brasil.
Muitas pessoas que vão às festas de Iroko, observam com atenção os enfeites colocados nessa misteriosa árvore. Muitos acreditam que os enfeites são colocados para deixar a árvore mais bonita em suas festividades, mas a verdade é que, como tudo que há no Candomblé, os enfeites de Iroko não são colocados ao acaso.
Uma antiga história africana, conta que existia uma mulher chamada Oloronbi que não conseguia ter filhos. Ela sempre que passava diante de uma gigantesca árvore de Iroko dizia: "Oh Meu Pai, eu sou muito solitária, se o senhor me der um filho ou uma filha para eu não ficar mais sozinha nesse mundo, eu lhe darei uma cabra e azeite de dendê".
Sempre que Oloronbi passava diante de Iroko ela repetia sua súplica. Iroko comovido com o sofrimento de Oloronbi, fez com que ele engravidasse. Oloronbi ficou muito feliz ao saber que estava grávida, mas esqueceu-se da promessa que havia feito a Iroko. Quando seu filho nasceu, ela todos os dias passava diante da árvore sagrada, sem sequer reverenciá-la. Iroko muito triste com o descaso de Oloronbi, resolveu tomar para si aquela criança, sendo que foi ele o responsável por ela ter engravidado. Desta forma, num dia em que Oloronbi parou diante da árvore de Iroko, à noite, para conversar, Iroko sem que ela percebesse chamou a criança para dentro do seu gigantesco tronco, cuidando dela.
Oloronbi ficou desesperada, pois não sabia o que havia acontecido com sua criança, procurando um Sacerdote de Orisa, para saber o que tinha acontecido. O sacerdote consultou o Deus da Adivinhação e disse que a criança de Oloronbi estava no tronco de Iroko, pois ela não realizou aquilo que havia prometido. O Sacerdote disse que ela mandasse fazer alguns bonecos e bonecas de madeira, como se fossem seus filhos e que, novamente parasse diante de árvore de Iroko, comentando que estava muito feliz por ter outros filhos e que, no momento em que Iroko fosse pegar os bonecos, ela teria a oportunidade de pegar sua criança e que no outro dia, fosse novamente diante da Árvore oferecer a cabra e o azeite que havia prometido, pedindo perdão a Iroko.
Oloronbi fez o que o sacerdote havia recomendado, resgatando sua criança. No outro dia, Oloronbi ofertou a cabra e o azeite, enfeitando á arvore com os brinquedos, para que todos soubessem que se ela tinha conseguido uma criança, era pelas graças de Iroko.
Essa história mostra-nos duas coisas importantes, a primeira é que jamais devemos esquecer de nossas promessas e, a segunda é que jamais podemos ficar diante de Iroko a noite.

Como nasceu Ori


Como nasceu Ori

ORI em iorubá significa CABEÇA. O Ori está acima dos Orixás, pois nenhum Orixá, nem mesmo Olodumare atenderá um pedido do ser humano, que não tenha sido autorizado por seu Ori.
Conta a lenda que os Orixás e Ancestrais se rebelaram, querendo ter os poderes e a sabedoria do Deus supremo. Como mensageiro nomearam Exu, que levou as reivindicações a Olodumaré. Este lhes enviou um poderoso obi, e, orientado por Ifá, determinou que após deixá-lo a noite inteira numa encruzilhada, os Orixás e Ancestrais deveriam tentar parti-lo para mostrar seu poder.
Ori era apenas uma pequena bola, que não possuía sequer um corpo para se apoiar, e ninguém o respeitava. Para conseguir partir o obi, procurou Ifá, que o aconselhou a fazer uma oferenda para os Odus, para conseguir a força de todos eles. Além disso deveria espojar-se na poeira do chão por algumas horas.
No dia seguinte todos já estavam preparados para tentar partir o obi, quando chegou Ori, espojando-se na poeira. Um a um os Orixás foram fracassando na tentativa, pois o obi era muito forte e resistente.
Ori se apresentou e, como última opção, deixaram-no tentar. Com seu peso caiu sobre o obi, que se partiu em seis gomos. Todos ficaram muito felizes.
Olodumaré, ao receber a notícia, imediatamente enviou uma linda almofada, onde Ori se instalou. Dessa forma Ori ganhou um corpo para sustentá-lo. Orixás e Ancestrais exclamaram: ORI APERE!
A partir desse momento, Ori nasceu. Passou a ser dotado de Iwa, a existência, dada por Olodumaré, como prémio por ter sido o único a conseguir partir o fruto-ventre.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Bori


BORI — pronúncia correta BÓRÍ (alguns pronunciam BÔRÍ) — A palavra vem de bo + ori: adorar a cabeçacomida a cabeça; cerimônia através da qual a pessoa passa a ser consagrada aos Orixás. Oferenda à cabeça. Ritual no qual é cultuado o Ori (cabeça), o princípio da individualidade, considerado por muitos sacerdotes como a grande iniciação.
Bori ou Bori significa “alimentar o Orí”, é uma cerimônia adepta também no candomblé e em Casas de Santo (orixá) de Nação (candomblé, jejê, nagô, angola, etc..), onde nós homenageamos (alimentamos) um dos mais importantes Orixás. O Bori é feito em muitas situações, tais como: antes de qualquer grande oferenda ao nosso Orixá (incluindo iniciação), quando nos sentimos enfraquecidos — sem poder de concentração, confusos, quando os búzios nos dizem para que o façamos, etc.

As oferendas são oferecidas à Orí ( Orixá que representa nossa cabeça) devem ser decididas através de consulta ao oráculo de Ifá, (ou jogo de buzios no candomblé) sendo classificados de acordo com os elementos integrantes de cada individuo em particular. O destino de uma pessoa depende de sua titude para com a vida. O Orí é uma dinvindade que tem o objetivo de servir a uma pessoa à qual está ligado por força do poder de Olodumare.

Enquanto os Orixas (Orisa) são os intermediários entre os homens e Olodumare o Orí é o intermediário entre o homem e seu Orixa.

Neste ritual, a cabeça é quem fala e decide. Orí tem desejos próprios.

Veja uma “ Adura Orí ”(orin, reza, louvação, saudação), dedicada a Orí, ver que traduzido também fica muito bonito o que se está cantando, e pedindo no ato de uma reza, o que se está pedindo para aquela pessoa, e os que estão presente em um fundamento altamente religioso do culto afro (culto de adoração aos Orixás).

APÉ RÉ ORI Ô – Nos pedimos boa sorte ao Orí

ADA NIXE WE – por que a cabeça tem muita luta

MO JUBÁ BE O ORÍ O – eu lhe saúdo minha cabeça

ADA NIXE WE – que tem muito a fazer

A N LÉSÉ ORIXÁ. – aos pés do Orixá

Fava de Aridan

àrìdan ou aridam é o nome de uma arvore de origem africanas, cultivada no Brasil que produz frutos com o mesmo nome, seu nome científico é tetrepleura ou tetraptera (Schum & Thour).
Fava de aridan como é chamado pelo povo de santo é um fruto sagrado "ewe orixa" que entra na maioria dos rituais do candomblé, principalmente nos ritos de odu ejé, sasanha, abô e assentamento de orixá como exu, ogum, obaluaye, oxum, xango e outros a depender do oro axé.
No sentido de proteger o terreiros e os filhos de santo contra as mazelas e feitiços, são colocadas favas de aridan em quase todos os ibas orixás e na preparação de pós, chamados de pó de pemba, efun ou atin e soprado pela iyamorô ou iyalorixa em todo compartimento do ile axé.
Segundo verger este mesmo vegetal tem o mesmo nome na África e um vasto uso nos rituais, principalmente em trabalhos benéficos para combates de bruxarias praticadas pelas feiticeiras africanas (Ìyàmi), principalmente para livrar pessoas que estão sobre efeito malévolo dessas entidades "trabalho para enlouquecer alguém", ou mesmo na iniciação para tornar-se Ìyàmi.
Dentro dos fundamentos de santo, é comum o uso de favas para que se dê o complemento do encantamento do assentamento ou mesmo a proteção do yawô bem como da casa.

A mais utilizada dentro das casas de Santo, é a Aridan, de origem africana e que lá possui o mesmo nome, sendo que este se traduz como fruta, isso no dialeto yorúba, já na região do congo, ela é conhecida como Kiaka, Evaka, Chiacha, entre outros. Seu nome científico é: tetrepleura ou tetraptera (Schum & Thour).

Foi trazida para o Brasil pelos escravos, com a finalidade ritualística bem como farmacológica. (Essa fruta, (fava), existe ainda hoje na África central, e constitui-se basicamente de uma árvore com aproximadamente 30 metros de altura, segundo os estudiosos), e produz seus frutos que são constituídos da seguinte forma: 04 frutos alados, tendo uma polpa carnuda e dentro das mesmas encontramos as sementes. Possui essa fruta um perfume picante e odor aromático. Devido a isso, muitos acreditam que ela tem o poder de repelir insetos.

Dentro da farmacologia afro, ela é utilizada no combate a convulsão, hanseníase, inflamações, e ainda aplicada nas dores de reumatismo.

Nos rituais de Orixá, nada se faz sem o uso dessa poderosa fava, que é utilizada desde os tempos mais remotos, por sacerdotes das diversas regiões da África. 

A Aridan é muito conhecido do povo de Candomblé por ser talvez a mais sagrada de todas as favas de utilidade religiosa, mesmo Exú leva essa fava em seu assentamento, e jamais se faz matança para Orixá sem que ela esteja presente dentro do Ibá Orixá. 

Sua utilidade como disse acima, serve tanto para o encantamento como para a proteção da pessoa e da casa. Nessa utilização, essa fava corta os males feitos por feiticeiros e impede até mesmo que o mal olhado atinja a pessoa, sua casa ou seu local de trabalho.

Apesar de ter tantas utilidades, ela não é posta na cabeça da pessoa, cabendo essa utilidade apenas ao obi e ao orobô. Em caso a pessoa ser perseguida por inimigos, basta que se mantenha essa fava dentro de casa ou escritório, pronunciando as palavras litúrgicas para que ela mantenha o ambiente salutar e afastar toda a energia negativa.

Sua utilização dentro do Candomblé é universal, sendo que todas as nações a utilizam e praticamente da mesma forma. Apenas ressalto que somente um sacerdote devidamente preparado pode utilizar essa ou qualquer outra fava nos rituais litúrgicos.

Como Esú tornou-se Rei de Ijelu.



Como Èsù tornou-se Rei de Ijelu

Èsù consultou Ifá, a fim de saber como obter uma fortuna. Ifá disse que Èsù deveria ofertar um sacrifício e depois viajar até uma cidade chamada Ijelu. Quando Èsù chegou em Ijelu, ele hospedou-se na casa de um morador, contrariando os costumes local, o que prevê que um visitante deve hospedar-se na palácio do rei.

Já na madrugada, enquanto todos dormiam, Èsù ateou fogo nas palhas que serviam de telhado na casa que estava abrigado. Feito isso, Èsù gritava por socorro, gerando um grande alarde na cidade. Èsù gritava, ainda, que o fogo havia consumido uma enorme fortuna, que trouxera embrulhada em seus pertences, que como muitos testemunharam, foram confiados ao dono da casa. Na verdade, ao chegar em Ijelu, Èsù entregou ao seu hospedeiro um grande fardo, dentro do qual, segundo declaração sua, havia um grande tesouro, fato este, que foi testemunhado por muitas pessoas do local.

Rapidamente, a notícia chegou aos ouvidos do Rei que, segundo a lei do país, deveria indenizar à vítima de todo o prejuízo. Ao tomar conhecimento do grande valor da indenização e, ciente de não possuir meios para saldá-la, o Rei encontrou, como única solução, entregar seu trono e sua coroa a Èsù, com a condição de poder continuar, com toda sua família, residindo no palácio.

Diante da proposta, Èsù aceitou imediatamente, passando a ser deste então o Rei de Ijelu

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Yemanjá







Yemanjá


Iemanjá ou Yemanjá (do iorubá Yemọja), era na origem o orixá dos Egbá, nação iorubá estabelecida outrora na região entre Ifé e Ibadan, onde existe ainda o rio Yemọja. As guerras entre nações iorubás levaram os Egbá a migrar para Abeokutá, no oeste, no início do século XIX, levando consigo os objetos sagrados, suportes do axé da divindade. O rio Ògùn, que atravessa a região, tornou-se a nova morada de Iemanjá. Segundo Pierre Verger, esse rio Ògùn nada tem a ver com Ògún, o orixá Ogum, apesar da opinião de autores do fim do século XIX. Seu nome iorubá deriva de Yèyé ọmọ ẹjá ("Mãe cujos filhos são peixes").
O principal templo de Iemanjá está localizado em Ibará, um bairro de Abeukutá. Os fiéis desta divindade vão todos os anos buscar a água sagrada para lavar os axés, não no rio Ògùn, mas numa fonte de um dos seus afluentes, o rio Lakaxa. Essa água é recolhida em jarras, transportada numa procissão seguida por pessoas que carregam esculturas de madeira (ère) e um conjunto de tambores. O cortejo na volta, vai saudar as pessoas importantes do bairro, começando por Olúbàrà, o rei de Ibará.

Iemanjá seria filha de Olóòkun, deus (em Benin) ou deusa (em Ifé) do mar. Tem diversos nomes, relativos, como no caso de Oxum, aos diferentes lugares profundos (ibù) do rio. Ela é representada nas imagens com o aspecto de uma matrona, de seios volumosos, símbolo de maternidade fecunda e nutritiva.


Iemanjá no Brasil 
No Brasil, Iemanjá é provavelmente a mais popular entre os orixás. Seu axé é assentado sobre pedras marinhas e conchas, guardadas numa porcelana azul. O sábado é o dia da semana que lhe é consagrado, juntamente com outras divindades femininas. Seus adeptos usam colares de contas de vidro transparentes e vestem-se, de preferência, de azul-claro. Olocum é lembrada por alguns terreiros como sua mãe, mas não incorpora nem recebe culto à parte.
O símbolo de Iemanjá é um abebé, um leque de metal prateado com a figura de um peixe. Fazem-se oferendas de patas, galinhas e cabras bancas, não se aceitando animais de outras cores. Seus pratos são também brancos: ebó de milho branco com mel, arroz e angu. É saudada com o brado de "Odôia!" ou "Odô-fé-iabá!". Suas iaôs dançam imitando os movimentos das ondas, ao ritmo vagaroso e pesado chamado sató, usado também para Nanã.

Diz-se na Bahia que há sete Iemanjás:
Yemowô, que na África é a mulher de Oxalá;
Iamassê, mãe de Xangô;
Euá (Yewa), rio que na África corre paralelo ao rio Ògùn e que frequentemente é confundido com Iemanjá em certas lendas;
Olossá, a lagoa africana na qual deságuam os rios.
Iemanjá Ogunté, casada com Ogum Alagbedé.
Iemanjá Assabá, manca e sempre fiando algodão.
Iemanjá Assessu, muito voluntariosa e respeitável.
As filhas de Iemanjá são voluntariosas, fortes, rigorosas, protetoras, altivas e, algumas vezes, impetuosas e arrogantes; têm o sentido da hierarquia, fazem-se respeitar e são justas mas formais; põem à prova as amizades que lhes são devotadas, custam muito a perdoar uma ofensa e, se a perdoam, não a esquecem jamais. Preocupam-se com os outros, são maternais e sérias. Sem possuírem a vaidade de Oxum, gostam do luxo, das fazendas azuis e vistosas, das jóias caras. Elas têm tendência à vida suntuosa mesmo se as possibilidades do cotidiano não lhes permitem um tal fausto. Na Bahia, Iemanjá é freqüentemente representada na forma de uma sereia, com longos cabelos soltos ao vento. Chamam-na também, Dona Janaína e Rainha do Mar. A origem do nome "Janaína" é controvertida: O dicionário Houaiss registra a tentativa da museóloga e folclorista Olga Cacciatore, de explicar esse nome como composição iorubá: iya "mãe" + naa "que" + iyin "honra", mas isso está longe de ser ponto pacífico. É possível que seja um diminutivo do nome das janas do folclore português e mediterrâneo, cujo nome deriva da deusa romana Diana e que também são imaginadas como sereias ou fadas das águas. Também é usado o nome Inaiê, talvez do tupi ina'ye, o inajé ou gavião-carijó (Rupornis magnirostris), cujo nome significaria, originalmente, "solitário".
Iemanjá é geralmente sincretizada com Nossa Senhora da Imaculada Conceição, festejada no dia 8 de dezembro. Entretanto, os baianos deixam de lado o sincretismo que liga Oxum a Nossa Senhora das Candeias, festejada no dia 2 de fevereiro, e organizam nessa data a principal festa para Iemanjá, na praia do Rio Vermelho, que atrai uma multidão imensa de fiéis e admiradores. Oferecem-lhe imensas cestas cheia de presentes, cartas e súplicas, que é coberta de flores e levada em um saveiro, à frente de uma procissão de barcos, para o alto-mar, onde são depositadas sobre as ondas. Se forem devolvidas à praia, é sinal de recusa da divindade.

No Rio Grande do Sul, assim como na Bahia, 2 de fevereiro é dia de Yemanjá, Festa e Procissão de Navegantes, sincretizada como Nossa Senhora dos Navegantes, que é a padroeira da cidade de Porto Alegre, capital do estado. Assim como Nossa Senhora da Boa Esperança, Nossa Senhora da Esperança, Nossa Senhora da Boa Viagem, Nossa Senhora das Candeias, Nossa Senhora da Candelária ou ainda Nossa Senhora da Purificação é um dos muitos títulos pelos quais a Igreja Católica venera a Virgem Maria.

Uma das maiores festas ocorre em Rio Grande, devido ao sincretismo com Nossa Senhora dos Navegantes. Em Pelotas a imagem de Nossa Senhora dos Navegantes vai até o Porto de Pelotas. Antes do encerramento da festividade católica acontece um dos momentos mais marcantes da festa de Nossa Senhora dos Navegantes em Pelotas. As embarcações param e são recepcionadas por umbandistas que carregavam a imagem de Iemanjá, proporcionando um encontro ecumênico assistido da orla por várias pessoas.

A Festa de Navegantes em Porto Alegre é a maior festa religiosa da cidade, e homenageia Nossa Senhora dos Navegantes, padroeira da cidade, e seu sincretismo afro-brasileiro. Originalmente constava de uma procissão fluvial, com embarcações que singravam o Estuário do Guaíba desde o cais do porto, levando a imagem da santa do centro da cidade até a Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes. Hoje, por determinação impeditiva da Capitania dos Portos, a procissão é terrestre, levando a imagem desde a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, no centro da cidade, até a Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes.

Em 8 de dezembro, ocorre a festa de Nossa Senhora da Conceição da Praia, padroeira da Bahia. Nesse dia, feriado municipal em Salvador, também é realizado, na praia da Pedra Furada, no bairro do Monte Serrat (também chamado Boa Viagem), a festa do presente de Iemanjá, manifestação popular que tem origem na devoção dos pescadores locais.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Aprendendo sobre a Nação Ketu

Candomblé Ketu (pronuncia-se queto) é a maior e a mais popular "nação" do Candomblé, uma das Religiões afro-brasileiras.

No início do século XIX, as etnias africanas eram separadas por confrarias da Igreja Católica na região de Salvador, Bahia. Dentre os escravos pertencentes ao grupo dos Nagôs estavam os Yoruba (Iorubá). Suas crenças e rituais são parecidos com os de outras nações do Candomblé em termos gerais, mas diferentes em quase todos os detalhes.

Teve inicio em Salvador, Bahia, de acordo com as lendas contadas pelos mais velhos, algumas princesas vindas de Oyó e Ketu na condição de escravas, fundaram um terreiro num engenho de cana. Posteriormente, passaram a reunir-se num local denominado Barroquinha, onde fundaram uma comunidade de Jeje-Nagô pretextando a construção e manutenção da primitiva Capela da Confraria de Nossa Senhora da Barroquinha, atual Igreja de Nossa Senhora da Barroquinha que, segundo historiadores, efetivamente conta com cerca de três séculos de existência.

No Brasil Colônia e depois, já com o país independente mas ainda escravocrata, proliferaram irmandades. "Para cada categoria ocupacional, raça, nação - sim, porque os escravos africanos e seus descendentes procediam de diferentes locais com diferentes culturas - havia uma. Dos ricos, dos pobres, dos músicos, dos pretos, dos brancos, etc. Quase nenhuma de mulheres, e elas, nas irmandades dos homens, entraram sempre como dependentes para assegurarem benefícios corporativos advindos com a morte do esposo. Para que uma irmandade funcionasse, diz o historiador João José Reis, precisava encontrar uma igreja que a acolhesse e ter aprovados os seus estatutos por uma autoridade eclesiástica".

Muitas conseguiram construir a sua própria Igreja como a Igreja do Rosário da Barroquinha, com a qual a Irmandade da Boa Morte manteve estreito contato. O que ficou conhecido como devoção do povo de candomblé. O historiador cachoeirano Luiz Cláudio Dias Nascimento afirma que os atos litúrgicos originais da Irmandade de cor da Boa Morte eram realizados na Igreja da Ordem Terceira do Carmo, templo tradicionalmente freqüentado pelas elites locais. Posteriormente as irmãs transferiram-se para a Igreja de Santa Bárbara, da Santa Casa da Misericórdia, onde existem imagens de Nossa Senhora da Glória e da Nossa Senhora da Boa Morte. Desta, mudaram-se para a bela Igreja do Amparo desgraçadamente demolida em 1946 e onde hoje encontram-se moradias de classe média de gosto duvidoso. Daí saíram para a Igreja Matriz, sede da freguesia, indo depois para a Igreja da Ajuda.

O fato é que não se sabe ao certo precisar a data exata da origem da Irmandade da Boa Morte. Odorico Tavares arrisca uma opinião: a devoção teria começado mesmo em 1820, na Igreja da Barroquinha, tendo sido os Jejes, deslocando-se até Cachoeira, os responsáveis pela sua organização. Outros ressaltam a mesma época, divergindo quanto à nação das pioneiras, que seriam alforriadas Ketu. Parece que o “corpus” da irmandade continha variada procedência étnica já que fala-se em mais de uma centena de adeptas nos seus primeiros anos de vida.

Essas confrarias eram os locais onde se reuniam as sacerdotisas africanas já libertas (alforriadas) de várias nações, que foram se separando conforme foram abrindo os terreiros. Na comunidade existente atrás da capela da confraria foi construído o Candomblé da Barroquinha pelas sacerdotisas de Ketu que depois se transferiram para o Engenho Velho, ao passo que algumas sacerdotisas de Jeje deslocaram-se para o Recôncavo Baiano para Cachoeira e São Félix para onde transferiram a Irmandade da Boa Morte e fundaram vários terreiros de candomblé jeje sendo o primeiro Kwé Cejá Hundé ou Roça do Ventura.

O Candomblé Ketu ficou concentrado em Salvador. Depois da transferência do Candomblé da Barroquinha para o Engenho Velho passou a se chamar Ilê Axé Iyá Nassô mais conhecido como Casa Branca do Engenho Velho sendo a primeira casa da nação Ketu no Brasil de onde saíram as Iyalorixás que fundaram o Ilê Axé Opô Afonjá e o Ilê Iya Omin Axé Iyamassé, o Terreiro do Gantois.


OrixásOs Orixás do Ketu são basicamente os da Mitologia Yoruba.
Olorun também chamado Olodumare é o Deus supremo, que criou as divindades ou Orixás (Òrìsà em yoruba). As centenas de orixás ainda cultuados na África, ficou reduzida a um pequeno número que são invocados em cerimônias:
Exu, Orixá guardião dos templos, encruzilhadas, passagens, casas, cidades e das pessoas, mensageiro divino dos oráculos.
Ogum, Orixá do ferro, guerra, fogo, e tecnologia.
Oxóssi, Orixá da caça e da fartura.
Logunedé, Orixá jovem da caça e da pesca
Xangô, Orixá do fogo e trovão, protetor da justiça.
Ayrà, Usa branco, tem profundas ligações com Oxalá e com Xangô.
Obaluaiyê, Orixá das doenças epidérmicas e pragas, Orixá da Cura.
Oxumaré, Orixá da chuva e do arco-íris, o Dono das Cobras.
Ossaim, Orixá das Folhas, conhece o segredo de todas elas.
Oyá ou Iansã, Orixá feminino dos ventos, relâmpagos, tempestades, e do Rio Niger
Oxum, Orixá feminino dos rios, do ouro, jogo de búzios, e amor.
Iemanjá, Orixá feminino dos lagos, mares e fertilidade, mãe de muitos Orixás.
Nanã, Orixá feminino dos pântanos e da morte, mãe de Obaluaiê.
Yewá, Orixá feminino do Rio Yewa.
Obá, Orixá feminino do Rio Oba, uma das esposas de Xangô
Axabó, Orixá feminino da família de Xangô
Ibeji, Orixá dos gêmeos
Irôco, Orixá da árvore sagrada, (gameleira branca no Brasil).
Egungun, Ancestral cultuado após a morte em Casas separadas dos Orixás.
Iyami-Ajé, é a sacralização da figura materna, a grande mãe feiticeira.
Onilé, Orixá do culto de Egungun
Oxalá, Orixá do Branco, da Paz, da Fé.
OrixaNlá ou Obatalá, o mais respeitado, o pai de quase todos orixás, criador do mundo e dos corpos humanos.
Ifá ou Orunmila-Ifa, Ifá é o porta-voz de Orunmila, Orixá da Adivinhação e do destino.
Odudua, Orixá também tido como criador do mundo, pai de Oranian e dos yoruba.
Oranian, Orixá filho mais novo de Odudua
Baiani, Orixá também chamado Dadá Ajaká
Olokun, Orixá divindade do mar
Olossá, Orixá dos lagos e lagoas
Oxalufon, Qualidade de Oxalá velho e sábio
Oxaguian, Qualidade de Oxalá jovem e guerreiro
Orixá Oko, Orixá da agricultura
Na África cada Orixá estava ligado originalmente a uma cidade ou a um país inteiro. Tratava-se de uma série de cultos regionais ou nacionais. Sàngó em Oyó, Yemoja na região de Egbá, Iyewa em Egbado, Ogún em Ekiti e Ondo, Òsun em Ilesa, Osogbo e Ijebu Ode, Erinlé em Ilobu, Lógunnède em Ilesa, Otin em Inisa, Osàálà-Obàtálá em Ifé, subdivididos em Osàlúfon em Ifon e Òságiyan em Ejigbo

No Brasil, em cada templo religioso são cultuados todos os Orixás, diferenciando que nas casas grandes tem um quarto separado para cada Orixá, nas casas menores são cultuados em um único quarto de santo (termo usado para designar o quarto onde são cultuados os Orixás).

Ritual

O Ritual de uma casa de Ketu, é diferente das casas de outras nações, a diferença está no idioma, no toque dos Ilus (atabaque no Ketu), nas cantigas, nas cores usadas pelos Orixás, os rituais mais importantes são: Padê, Sacrifício, Oferenda, Sassayin, Iniciação, Axexê, Olubajé, Águas de Oxalá, Ipeté de Oxum,...

A língua sagrada utilizada em rituais do Ketu é derivada da língua Yoruba ou Nagô. O povo de Ketu procura manter-se fiel aos ensinamentos das africanas que fundaram as primeiras casas, reproduzem os rituais, rezas, lendas, cantigas, comidas, festas, e esses ensinamentos são passados oralmente até hoje.

Hierarquia

As posições principais do Ketu (são chamados de cargo ou posto, em yoruba Olóyès , Ogãns e Àjòiès), em termos de autoridade, são:

O cargo de autoridade máxima dentro de uma casa de candomblé é o de Iyálorixá (mãe-de-santo) ou Babalorixá (pai-de-santo). São pessoas escolhidas pelos Orixás para ocupar esse posto. São sacerdotes, que após muitos anos de estudo adquiriram o conhecimento para tal função. Quando a pessoa escolhida através do jogo de búzios ainda não está preparada para assumir o posto, terá que ser assistida por todos Egbomis (meu irmão mais velho) da casa para obter o conhecimento necessário.

Iyalorixá ou Babalorixá: A palavra iyá do yoruba significa mãe, babá significa pai.
Iyakekerê (mulher): mãe pequena, segunda sacerdotisa.
Babakekerê (homem): pai pequeno, segundo sacerdote.
Iyalaxé (mulher): cuida dos objetos ritual.
Ojubonã ou Agibonã: mãe criadeira, supervisiona e ajuda na iniciação
Egbomis: são pessoas que já cumpriram o período de sete anos da iniciação (significado: "meu irmão mais velho").
Iyabassê: mulher responsável pela preparação das comidas-de-santo
Iaô: filho-de-santo que já entra em transe.
Abiã ou abian: novato.
Axogun: responsável pelo sacrifício dos animais (não entra em transe).
Alagbê: responsável pelos atabaques e pelos toques (não entra em transe).
Ogãs ou Ogans: tocadores de atabaques (não entram em transe).

Ajoiê ou ekedi: camareira do Orixá (não entra em transe). Na Casa Branca do Engenho Velho, as ajoiés são chamadas de ekedis. No Gantois, de "Iyárobá" e na Angola, é chamada de "makota de angúzo". "Ekedi" é nome de origem Jeje, que se popularizou e é conhecido em todas as casas de Candomblé do Brasil.

Ònilé ganhou o governo da terra.


Ònilé ganhou o governo da terra.
(Texto é grande, mas bem interessante)

Onilé é um Orixá que representa a base de toda a vida, a Terra-Mãe, tanto na vida como na morte, se caracteriza por ser o princípio e representação coletiva dos elegun e Egungun. é o primeiro a receber as oferendas e a ser evocado nos ritos dos sacrifícios. Todo terreiro possui o acento de Onilé, um deles pode ser observado no centro do Barracão de (candomblé), denominado como o fundamento da casa ou simplesmente Axé da casa, onde todos sabiamente reverenciam este local. Também chamado pelo "Povo de santo" de Oluaye, Aiyê, Ilê e Sakpatá.
Em algumas tradições, Onilé é uma divindade feminina, representa a Mãe Terra (onde acolhe os ancestrais), Egungun. Conta-se que quando Olorum reuniu os orixás para dividir o poder sobre a criação entre eles, uma de suas filhas, Onilé, escondeu-se sob a terra. E acabou ganhando por este motivo poder e autoridade sobre ela. A primeira parte de todos os sacrifícios de (Ejé) sangue é sempre derramada sobre a terra, independente de para qual entidade ou divindade seja o sacrifício, este gesto é uma forma de lembrar e reconhecer o poder de Onilé. Tudo vem da terra e a ela retorna.
Ònìlé era a filha mais recatada e discreta de Òlódùmàrè, vivia trancada em casa, quase ninguém a via e, muitos, não sabiam de sua existência, na verdade Ònìlé não se sentia bem no meio dos outros.
Quando os Òrìsà e seus irmãos se reuniam no palácio do grande Pai para as grandes audiências em que Òlódùmàrè comunicava suas decisões, Ònìlé fazia um buraco no chão e se escondia, pois sabia que as reuniões sempre terminavam em festa, com muita música e dança ao ritmo dos atabaques.
Um dia Òlódùmàrè mandou os seus arautos avisarem que haveria uma grande reunião no palácio e os Òrìsà deveriam comparecer ricamente vestidos, pois ele iria distribuir entre os filhos as riquezas do mundo e, depois, haveria muita comida, música e dança.
Por todos os lugares os mensageiros gritaram esta ordem e todos se prepararam com esmero para o grande acontecimento.
Quando chegou o grande dia, cada Òrìsà dirigiu-se ao palácio na maior ostentação, cada um mais belamente vestido que o outro, pois este era o desejo de Òlódùmàrè.
Iyemojá chegou vestida com a espuma do mar, os braços ornados de pulseiras de algas marinhas, a cabeça cingida por um diadema de corais e pérolas, e
o pescoço emoldurado por uma cascata de madrepérola.
Òsósí escolheu uma túnica de ramos macios, enfeitada de peles e plumas dos mais exóticos animais.
Osaìyn vestiu-se com um manto de folhas perfumadas. Ogum preferiu uma couraça de aço brilhante enfeitada com tenras folhas de palmeira...
Òsún escolheu cobrir-se de ouro e vestir-se com o rio. A roupa de Òsùmàrè mostrava todas as cores, e, em suas mãos, levava os pingos frescos da chuva.
Oya optou por usar um sibilante vento adornando os cabelos com os raios que colheu da tempestade.
Sàngó não fez por menos. Cobriu-se com o trovão e, Òsàlà, trazia o corpo envolto em fibras alvíssimas de algodão ostentando na testa uma nobre pena vermelha.
Não houve quem não lançasse mão de toda sua criatividade para apresentar-se ao grande pai com a roupa mais bonita.
Nunca antes se vira tanta ostentação, tanta beleza, tanto luxo. Cada Òrìsà que chegava ao palácio de Òlódùmàrè provocava um clamor de admiração, que se ouvia por todas as terras existentes.
Os Òrìsàs encantaram o mundo com suas vestes, menos Ònìlé. Ela não se preocupou em vestir-se bem, não se interessou por nada, não se mostrou para ninguém. Recolheu-se no fundo de um buraco que cavou no chão.
Quando todos os Òrìsà haviam chegado, Òlódùmàrè determinou que fossem acomodados confortavelmente, sentados em esteiras dispostas ao redor do trono. Satisfeito e alegre com todos os seus filhos e filhas, que haviam cumprido seu desejo e estavam tão bonitos que ele não saberia escolher entre eles qual seria o mais vistoso e belo.
Òlódùmàrè estava tão encantado que não sabia como começar a distribuição, então permitiu que os filhos se apropriassem da riqueza com a qual estavam vestidos.
Dessa forma, Iyemojá ficou com o mar; Òsún com o ouro e os rios; Òsósí com as matas e todos os seus bichos; Osaìyn com as folhas; Oya com raio; Sàngó com o trovão e fez Òsàlà o dono de tudo que é branco e puro. Destinou a Òsùmàrè o arco-íris e a chuva, a Ogum o ferro e tudo o que se faz com ele inclusive a guerra, e assim por diante. Deu a cada Òrìsà um pedaço do mundo, uma parte da natureza, um governo particular.
Dividiu tudo de acordo com o gosto de cada um e disse que, a partir de então, cada um seria o dono e governador daquela parte da natureza que havia herdado. Assim, sempre que um humano tivesse alguma necessidade relacionada com uma daquelas partes da natureza, deveria reverenciar e agradar aos Òrìsà.
Os Òrìsà, que tudo ouviram em silêncio, começaram a gritar e a dançar de alegria,
fazendo um grande alarido na corte até que Òlódùmàrè pediu silêncio, pois ainda não havia terminado.
Disse que faltava ainda a mais importante das atribuições, e que era preciso dar a um dos filhos o governo da Terra, o mundo no qual os humanos viviam e onde produziam as comidas, bebidas e tudo o mais que deveriam ofertar aos Òrìsà.
.
Disse que dava a Terra a quem se vestia da própria Terra.
"Quem seria?'' perguntavam-se todos.
"Ònìlé", respondeu Òlódùmàrè.
Todos se espantaram.
"Como, se ela sequer compareceu à grande reunião"
Nenhum dos presentes tinha visto Ònìlé, por conta disto ficaram intrigados.
"Pois Ònìlé está entre nós", disse Òlódùmàrè, e mandou que todos olhassem no fundo do buraco onde, vestida de terra, se abrigava a discreta e recatada filha Ònìlé.
Ònìlé, que também foi chamada de Ilé, a casa, o planeta. Òlódùmàrè determinou que cada um que habitava a Terra pagasse tributo a Ònìlé, pois ela era a Mãe de todos, o abrigo, a casa.
A humanidade não sobreviveria sem Ònìlé, afinal, nela estavam cada uma das riquezas que Òlódùmàrè partilhara com os filhos Òrìsà.
"Tudo está na Terra", disse Òlódùmàrè.
'O mar e os rios, o ferro e o ouro,
os animais e as plantas, enfim, tudo, continuou.
"Até mesmo o ar e o vento, a chuva e o arco-íris, existem porque existe a terra. Na terra estão todas as coisas criadas para controlar os homens e os outros seres vivos que habitam o planeta, como a vida, a saúde, a doença e mesmo a morte".
Pois então, que cada um pagasse tributo a Ònìlé, foi a sentença final de Òlódùmàrè.
Ònìlé, Òrìsà da Terra, receberia mais presentes que os outros,
pois deveria ter oferendas dos vivos, dos mortos e dos Òrìsà,
porque na Terra também repousam os corpos dos que já não vivem.
Ònìlé, também chamada Aiye, a Terra, deveria ser propiciada sempre, para que o mundo dos humanos nunca fosse destruído.
Todos os presentes aplaudiram as palavras de Òlódùmàrè.
Todos os Òrìsà aclamaram Ònìlé.
Todos os humanos reverenciaram a Mãe Terra.
E então Òlódùmàrè retirou-se do mundo para sempre e deixou o governo de tudo por conta de seus filhos, os Òrìsà.
Cultuada discretamente em terreiros antigos da Bahia, a Mãe Terra desperta curiosidade e interesse entre os seguidores dos Òrìsà, sobretudo entre aqueles que compõem os seguimentos mais intelectualizados da religião.
Ònìlé é assentada num montículo de terra vermelha e acredita-se que ela guarda o planeta e tudo que há sobre ele , protegendo o mundo em que vivemos e possibilitando a própria vida.

A disputa entre Ossaim e Orunmilá

A disputa entre Osanyin (Medicina) e Orunmilá (Sacrifício)

Osanyin e Orunmilá eram inimigos e ambos divinizavam para o Rei. Mas tanto Osanyin como Orunmilá, queria provar quem era o mais poderoso dentre todos os Divinadores. 

Osanyin disse que ele era a própria Medicina e que ninguém era mais poderoso que a medicina e assim Osanyin desafiou Orunmilá (Sacrifício), dizendo que ele o Dono das Folhas, era o mais poderoso. 

Osanyin disse: “Se você Orunmilá é tão poderoso, não h
á porque recusar o meu desafio, vamos nos enterrar no chão e depois de 320 dias, as pessoas podem nos retirar”. Orunmilá aceitou o desafio, sendo acordada uma data para que os dois fossem enterrados, diante de todos da cidade.

Orunmilá ficou preocupado e buscou os Divinadores. Os Divinadores lhe disseram: “A pele que cobre o estômago, não deixa-nos ver os intestinos”. Você deverá realizar um sacrifício, com dois pedações de pano branco, com um rato gigante, com um grande caranguejo, com Ewure, Com Adiye e Eyele, você deverá ofertar 28.000 búzios do lado esquerdo, 28.000 búzios do lado direito e 28.000 búzios no centro.

Os Divinadores informaram o que deveria ser ofertado e o que Orunmilá deveria levar consigo para ser enterrado. Orunmilá seguiu as orientações e realizou o sacrifício. Eles disseram que Orunmilá deveria preparar uma medicina (Oogun), que essa medicina ele deveria colocar debaixo de sua roupa, antes de ser enterrado. Ele deveria pegar os dois pedaços de pano branco e enrolá-los e também colocar debaixo da sua roupa, assim Orunmilá fez.

No dia marcado, Orunmilá apareceu vestindo uma roupa bonita que lhe permitia esconder tudo o que os Divinadores mandaram ele levar. Orunmilá então foi enterrado. Tão logo ele foi enterrado, ele soltou o rato gigante que, começou a cavar até que formou uma pequena entrada de ar, fazendo com que Orunmilá não morresse sufocado.

Orunmilá fez o mesmo com o carangueijo, que começou a cavar em busca de água, quando achou, a água começou a gotejar no buraco, permitindo que Orunmilá a bebesse, não morrendo de cede. Isso aconteceu por longos 320 dias.

Osanyin não sacrificou nada, ele também foi enterrado por longos 320 dias. Depois de 320 dias os moradores da cidade foram no local onde eles estavam enterrados, eles começaram a tirar a terra do buraco de Osanyin. Eles encontraras pedaços de louças, pedaços de ferro e trapos de pano, Osanyin havia morrido, seus filhos choraram a sua perda, falando: “Medicina Morreu, Medicina Morreu”.

Eles começaram a tirar a terra do buraco de Orunmilá. Quando Ornumilá ouviu o barulho, ele pegou os dois pedaços de pano branco que os Divinadores haviam mandado ele levar, ele desenrolou esses panos e se vestiu com eles.

Quando acabaram de tirar toda a terra, Orunmilá surgiu com suas vestes brancas, as pessoas louvaram Orunmilá, Orunmilá era o mais poderoso. Seus filhos exclamavam: “Sacrifício Está Vivo, Sacrifício é mais poderoso que mediciona”!!!

Orunmilá imediatamente ordenou que lhe trouxessem um chocalho de Osanyin, um Pakun, um pássaro Kowe e um pássaro Awoko. Orunmilá preparou tudo, fez um poderoso encantamento e disse: “Utilizem esse chocalho, Osanyin irá responder”. Eles fizeram e Osanyin respondeu.

Eles falavam e dançavam: Sacrifício é mais poderoso que Medicina!

Após esse dia, nunca mais ousou desafiar Orunmilá, o Grande Deus da Divinação

Perguntas e Respostas

Pessoal esse pedaço do Blog é para tirar algumas duvidas e trocar informações sobre nossa religião, fiquem a vontade!

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012


Laroyê Esú!!!

Motumbá irmãos!
Hoje, segunda feira, dia de Esú, vamos falar sobre este Orixá.

Exu (Èsù) é a figura mais controversa do panteão africano, o mais humano dos orixás, senhor do princípio e da transformação. Deus da terra e do universo; na verdade, Exu é a ordem, aquele que se multiplica e se transforma na unidade elementar da existência humana. Exu é o ego de cada ser, o grande companheiro do homem no seu dia-a-dia.
Muitas são as confusões e equívocos relacionados com Exu, o pior deles associa-o à figura do diabo cristão; pintam-no como um deus voltado para a maldade, para a perversidade, que se ocuparia em semear a discórdia entre os seres humanos. Na realidade, Exu contém em si todas as contradições e conflitos inerentes ao ser humano. Exu não é totalmente bom nem totalmente mau, assim como o homem: um ser capaz de amar e odiar, unir e separar, promover a paz e a guerra.
O maniqueísmo, próprio das grandes religiões monoteístas, não se aplica ao Candomblé, muito menos a Exu. A cultura africana desconhece oposições, em especial a oposição entre bem e mal; sabe-se aqui que o bem de um pode perfeitamente ser o mal de outro, portanto, cada um deve dar o melhor de si para obter tudo de bom na sua vida, sempre cultuando, agradando e agradecendo a Exu, para que ele seja, no seu quotidiano, a manifestação do amor, da sorte, da riqueza e da prosperidade.
Exu é o orixá que entende como ninguém o princípio da reciprocidade, e, se agradado como se deve, saberá retribuir; quando agradecido pela sua retribuição, torna-se amigo e fiel escudeiro. No entanto, quando esquecido é o pior dos inimigos e volta-se contra o negligente, tirando-lhe a sorte, fechando-lhe os caminhos e trazendo catástrofes e dissabores.
Exu é a figura mais importante da cultura iorubá. Sem ele o mundo não faria sentido, pois só através de Exu é que se chega aos demais orixás e ao Deus Supremo Olodumaré. Exu fala toda as línguas e permite a comunicação entre o orum e o aiê, entre os orixás e os homens.
Exu é o dono do mercado, o seu guardião, por isso todo o comerciante e aqueles que lidam com venda devem agradar a Exu. As vendedoras de acarajé, por exemplo, oferecem sempre o primeiro bolinho a Exu, atirando-o à rua, não só para vender bem, mas também par afastar as perturbações, evitar assaltos etc., ou seja, para que Exu seja de facto um guardião e proteja o seu negócio.
É importante ressaltar que Exu não tem amigos nem inimigos. Exu protege sempre aqueles que o agradam e sabem retribuir os seus favores.
Exu foi a primeira forma dotada de existência individual. Não se sabe ao certo a sua região de origem em África, pois em todos os reinos se presta culto a Exu. Sabe-se, no entanto, que chegou a ser rei de Kêtu. Exu renasceu várias vezes e a sua história revela que é filho de Oxala.

▬ ESÚ

DIA DA SEMANA: Segunda-feira.
CORES: Preto (ou seja, a fusão das cores primárias) e vermelho.
SÍMBOLOS: Ogó de forma fálica, falo erecto.
ELEMENTOS: Terra e fogo.
DOMÍNIOS Sexo, magia, união, poder e transformação.
SAUDAÇÃO Laroié!
Exú Langìrí: acompanha o Orixá Osogiyan
Exú Lálú: acompanha Oxalá, Odé e Ogún.

domingo, 16 de dezembro de 2012

O Começo....

Motumbá aos meus mais velhos, e que meu Bàbá Ajagunan abençoe os meus mais novos....
Sou Yawo com muito orgulho, e resolvi abrir esse blog para trocar conhecimentos de nossa religião, por isso quem tem sede e fome de conhecimento fique a vontade, se eu souber eu falo se não vou atrás de saber pois adoro nossa religião e não quero que ela morra junto com pessoas que não gostam de dividir conhecimentos.

Motumbá asé

Mensagens e Pensamentos.