sexta-feira, 25 de abril de 2014
Ejé (sangue)
O SIGNIFICADO DO SANGUE - A FORÇA SAGRADA
O conteúdo mais precioso do terreiro é o AXÉ. É a força que assegura a existência dinâmica, que permite o acontecer e o devir. Sem axé a existência estaria paralisada, desprovida de toda a possibilidade de realização. É o princípio que torna possível o processo vital.
(Juana elbein dos santos)
SACRIFÍCIOS
Sacrifício não é sinônimo de assassinato, relacionado que está a rituais sagrados, visando, no Candomblé e RELIGIÕES AFRICANAS TRADICIONAIS, ampliar acumular e distribuir a força vital e sagrada que é o Axé. Boa parte das religiões utilizava sacrifícios, em seus rituais, mas na maioria das vezes como um sentido expiatório, não se aplicando essa nação ao Candomblé por um motivo aparentemente simples: no Candomblé, não existe pecado, portanto não há o que expiar.
Entre os cristãos, por exemplo, a extinção do sacrifício (em termos reais), justifica-se pela morte de Jesus, o Cristo, que teria morrido para salvar a humanidade no mais importante sacrifício que o mundo assistiu. Ocorre que Jesus morreu pelos Cristãos, e não pelo Candomblé ou por RELIGIÕES AFRICANAS TRADICIONAIS, e isso significa, na realidade, que os ritos processados em outra doutrina religiosa não fazem nenhum sentido para nós da religião dos orixás; da mesma forma que os rituais de candomblé fogem a compreensão da igreja católica.
(inclusive vemos no livro Cristão, quando Jesus é apresentado ao templo Lucas 2;21, cumpridos os oito dias para circuncisar o menino, foi-lhe dado o nome de Jesus, que pelo anjo que lhe fora posto antes de ser concebido. Quando se completaram os dias da purificação, segundo a lei de Moisés, levaram-no a Jerusalém para o apresentar ao Senhor, conforme o que está escrito na lei do Senhor. Todo primogênito será consagrado ao Senhor, e para dar a oferta segundo o que está disposto na lei do Senhor: Um par de rolas ou dois pombinhos.)
Em outras palavras o Candomblé e as RELIGIÕES AFRICANAS TRADICIONAIS só se explicam pelo Candomblé, não adiantando recorrer a bíblia para explicar e muito menos condenar as práticas da religião dos Orixás.
O sangue é de importância vital para os Orixás, pois esta ligado à concepção, à fertilidade, ao nascimento e a todas as etapas da vida. Sem sangue não há Axé, ninguém nasce sem sangue. Quando deixar de haver sacrifícios, o Candomblé deixará de existir.
NO DIA EM QUE UM HOMEM ENGOLIR UMA GALINHA INTEIRA, VIVA, SEM TIRAR AS PENAS, O SANGUE, AS VÍSCERAS; NO DIA EM QUE UM PARTO NÃO SANGRAR E A ÁGUA NÃO VERTER SOBRE A TERRA, NESTE DIA EU DEIXO DE CORTAR PARA O ORIXÁ !
Não se derramam o sangue do animal por maldade ou crueldade e muitos menos para fazer mal a alguém. O sacrifício é a condição para que a vida continue, e não apenas na RELIGIÃO DOS ORISAS (INKISES E VODUNS). Todos se alimentam, seja de carne seja de vegetal, e um boi pode ser comido em bifes, ou seja, em apartes e depois de morto.
UMA ALFACE, AO SER DESCONECTADA DE SUA RAIZ, TAMBÉM É MORTA.
Por que não se pode atribuir um significado religioso a um ato essencial para a sobrevivência humana?
Será mesmo que a condenação do Candomblé se deve ao sacrifício?
CLARO QUE NÃO.
Não seria uma forma da sociedade CAMUFLAR preconceitos mais profundos?
COM CERTEZA...
O ritual macabro não está nas RELIGIÕES AFRO DESCENDENTES, e sim nos matadouros, onde os animais são submetidos a inúmeras crueldades e morrem com muito sofrimento. Imaginem um animal ainda vivo tendo a sua pele arrancada: isso é um exemplo do ocorre nos matadouros.
É por isso que a carne que será consumida pelos iniciados deve ser sacralizada por meios de rituais específicos, a carne de um animal que morreu com o sofrimento não faz bem a ninguém.
Os Judeus e Muçulmanos, por exemplo, só comem carnes de animais abatidos de acordo com seus preceitos.
POR QUE A RELIGIÃO DOS ORISAS NÃO PODE FAZER O MESMO?
É um absurdo acusar A RELIGIÃO DOS ORISAS de fazer sacrifícios humanos, como têm feito certas igrejas.
O Candomblé e A RELIGIÃO DOS ORISAS não é uma religião hipócrita e assume o que faz. São sacrificados, sim, bois, bodes galinhas, patos e muitos outros animais, que depois servem de alimentos à comunidade, mas nunca seres humanos, pois o Orixá vive no Homem e através do Homem.
Todo homem sacrifica não necessariamente num sentido religioso, e mata para sobreviver.
QUE MAL PODE HAVER EM OFERECER AOS DEUSES AS PARTES QUE O HOMEM NÃO CONSOME?
Lembrem-se de que Jesus foi condenado à morte por pessoas que viriam a santificá-lo depois, fazendo o sinal-da-cruz, adorando a sua imagem ensangüentada. Pois que fique bem claro: não somos contra o homem Jesus, mas contra os homens que mataram Jesus.
NÓS NÃO MATAMOS NOSSOS ORIXÁS, NÓS OS AMAMOS COM TODOS OS SEUS DEFEITOS E QUALIDADES!
Para o Candomblé e A RELIGIÃO DOS ORISAS tudo que a natureza produz é sangue, pois o que define o sangue é a força que detém, ou seja, o Axé, e um sacrifício, requer a utilização de vários rios tipos de sangue, vindos das mais variadas fontes da natureza, atribuindo vida e sentido ao Orixá, aos homens e à própria existência.
Todos os elementos são portadores de axé e combinados reforçam, ampliam e restabelecem a relação entre os homens e os Orixás. O Axé é uma força vital que pode ser acumulada, aumentada, e o sacrifício, com a utilização das mais variadas fontes de Axé, provenientes da natureza, é que fortalece o poder dos Orixás e dos Candomblés e das RELIGIÕES AFRICANAS TRADICIONAIS!
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